Parece haver saltado uma larga fogueira a empresa cearense AGM Crops, do agrônomo e empresário Altamir Martins, que, na geografia do município de Acaraú, na região Norte do Ceará, cultiva manga para exportação em 50 dos 200 hectares de sua fazenda cearense e em mais 15 hectares no vizinho Rio Grande do Norte. Ele disse ontem a esta coluna que sua próxima janela exportadora para os Estados Unidos só começará em fevereiro e se estenderá até abril do próximo ano.
No próximo mês de agosto, abrir-se-á a janela de exportação para a manga produzida no Polo Fruticultor de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Pernambucanos e baianos estão prontos para exportar para o mercado norte-americano – se for afastada a ameaça da tarifa de 50% imposta pelo governo do presidente Donald Trump – algo como 2 mil contêineres cheios de manga.
Altamir Martins confessou que a situação dos seus colegas de Petrolina e Juazeiro “é de grave preocupação, porque, se não puderem exportar para os EUA, terão de procurar novos mercados, algo que não se faz da noite para o dia, embora eles já estejam tratando disso”.
Traduzindo: os produtores nordestinos de manga terão um grande e inédito prejuízo, porque serão obrigados a desovar toda a sua safra deste ano no mercado interno, o que significará, pela extraordinária oferta, a redução dramática dos preços.
“É de arrancar os cabelos essa situação”, comentou Altamir.
Este é o lado econômico da questão. Há, todavia, o lado social, que também é grave. De acordo com Altamir Martins, só no Projeto Nilo Coelho, em Petrolina – cuja área de 30 mil hectares é toda irrigada pelas águas do Rio São Francisco, — são produzidas, anualmente, 700 mil toneladas de manga. Agora, atentem para este detalhe: assim como na fruticultura do melão, na cultura da manga um hectare corresponde a um emprego direto com carteira assinada. São, então, 30 mil trabalhadores cujo trabalho formal está ameaçado pelo tarifaço do mercurial presidente Donald Trump, “e isto é o que mais provoca arrepios em todos nós, produtores e exportadores”, como lamentou Altamir Martins.
Façam as contas: o polo Petrolina-Juazeiro está preparado para exportar para os EUA, a partir de agosto, 12 milhões de caixas de manga, cada uma delas ao preço de US$ 6. Se, efetivamente, a tarifa de 50% começar a ser cobrada no dia primeiro do próximo mês, ou seja, daqui a uma semana, o prejuízo dos produtores e exportadores baianos e pernambucanos chegará a quase US$ 400 milhões, o que equivale a R$ 2,2 bilhões, no câmbio de hoje.
Petrolina e Juazeiro exportam para os Estados Unidos cerca de 40% da manga que produzem. Seus produtores estão desesperados com a situação criada pela decisão do governo norte-americano, cuja vigência se aproxima em alta velocidade – a sexta-feira da próxima semana. Os importadores já mandaram dizer que não podem suportar o novo custo da importação, e é verdade, porque, além dos 50% determinados por Donald Trump, há uma taxa de 10% pré-existente.
Neste momento, a janela exportadora de manga que está aberta para os Estados Unidos é a do México, cuja safra foi totalmente colhida e cuja exportação aproxima-se do seu final. A próxima janela será a brasileira de Petrolina-Juazeiro, que, contudo, esbarra no muro tarifário de Donald Trump.
Esse mesmo polo fruticultor de Petrolina-Juazeiro também produz uva, que igualmente é exportada para os Estados Unidos, o que amplia a preocupação do presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), o baiano Guilherme Coelho, que tem, quase diariamente, alertado o governo brasileiro para a necessidade de buscar, pelo diálogo diplomático, uma saída para o impasse a que chegou a relação comercial de dois séculos do Brasil com seu parceiro norte-americano.
Por enquanto, nenhum dos lados tomou a iniciativa de negociar um acordo entre as partes. É que o problema, que era econômico, se tornou político quando, sem consultar sua diplomacia, Donald Trump incluiu, no comunicado em que anunciou a nova tarifa, uma referência ao seu amigo Jair Bolsonaro, que está sendo processado e será julgado pelo Supremo Tribunal Federal pelo crime de tentativa de golpe de Estado. Trump exigiu que esse processo seja extinto “imediatamente”, numa clara interferência em assuntos internos de outro país.
Os próximos dias serão cruciais para o alívio ou o agravamento dessa crise, que pode escalar e causar consequências imprevisíveis.
MISSÃO EMPRESARIAL DA CDL JOVEM IRÁ A FLORIANÓPOLIS
Uma Missão Empresarial da CDL Jovem irá a Florianópolis, capital de Santa Catarina, com o objetivo de conhecer novidades tecnológicas nos vários setores da economia, entre os quais o de varejo. É em Florianópolis que estão sendo projetados e construídos alguns dos edifícios residenciais mais altos e mais caros do Brasil. É lá, também, que o empreendedorismo de impacto mais cresce na geografia brasileira.
A missão, que será realizada neste segundo semestre, está sendo coordenada por Bosco Nunes, diretor de Planejamento, e Enila Alves, diretora de Missões da CDL Jovem. (diretora de Missões).
O anúncio da missão movimentou jovens líderes empresariais do comércio varejista cearense que buscam networking e novas oportunidades. Conhecida como “Ilha do Silício”, Florianópolis foi eleita como destino da missão pelo seu ecossistema tecnológico vibrante. A missão pretende fazer uma imersão em temas como transformação digital, turismo e economia criativa.
“Queremos despertar o olhar estratégico dos jovens empresários”, como diz destaca Bosco Nunes. A iniciativa é um dos grandes projetos da CDL Jovem para 2025.
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