Exposição reúne imagens captadas ao longo de dois anos, revelando a fé, a beleza e a resistência das tradições afrorreligiosas na Amazônia.
O projeto reúne fotografias registradas ao longo de mais de dois anos – e que já somam um acervo de mais de 6 mil imagem – em terreiros e festas afrorreligiosas da cidade. As imagens capturam momentos de fé, celebração e ancestralidade, revelando um Parintins que, apenas muito recentemente, começou a ver seus povos de terreiro ocupando com orgulho os espaços públicos — com tambor, canto e corpo em movimento.
Segundo o proponente, Michel Amazonas, chegar ao Liceu de Artes Claudio Santoro é mais do que uma conquista: é um gesto simbólico de resistência e reconhecimento.
A palavra “Sòrò”, que significa “fala” em iorubá, foi escolhida para sintetizar esse movimento de fortalecimento das expressões identitárias dos grupos de religião de matriz africana, que amplia a diversidade e fortalece uma cultura de paz e democracia nos meios religiosos. Nesse sentido, a exposição é também uma forma de romper estigmas e preconceitos, e mostrar a beleza da fé que herdamos da África, dos afrodescendentes e dos povos originários, em sintonia com as energias que emanam da floresta.
A ideia é que durante muito tempo essas expressões foram marginalizadas e silenciadas. Quem falavam por elas eram os “outros”, que construíram imagens e narrativas negativas dos terreiros e lugares de culto dedicados aos Orixás e demais entidades e encantados. Agora é hora de inverter essa lógica e mostrar toda beleza e energia que emanada desses lugares. Por isso, mais do que uma mostra de imagens, “Sòrò” é um ato de coragem e afirmação: uma fala visual dos povos de terreiro que, por séculos, tiveram suas histórias deixadas de lado”, afirma Michel.
A curadoria da exposição está a cargo do professor da Universidade do Estado do Amazonas, Diego Omar, que coordena o Laboratório de Estudos das Festas, Folclore e Tradições (LABFEST-UEA).
Realizado com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio do Conselho Estadual de Cultura e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, além do Governo Federal, o projeto reafirma a importância das manifestações culturais-afro amazônicas e o papel das artes visuais na preservação das memórias e das identidades coletivas.
Sobre o artista
Michel Amazonas é fotógrafo da Associação Cultural Boi-Bumbá Caprichoso, onde documenta não apenas a cultura do Complexo do Boi-Bumbá, mas também as festas afrorreligiosas e as ruas de Parintins. Seu trabalho já foi publicado na Photovogue, da revista Vogue, Revista PEGN e outras plataformas de destaque. Participou de exposições no Festival de Fotojornalismo de Brasília e no TEDxAmazônia 2023, além de realizar quatro exposições em Parintins e Nhamundá, todas no Amazonas. É também autor do fotolivro “Hyxkhariana: cultura indígena no Alto Nhamundá”, que retrata a riqueza cultural dos povos indígenas da região. O artista faz parte do Banco Nacional de artistas do BADAUÊ.
Sobre o lançamento:
A exposição fotográfica será aberta no dia 31.10.2025, as 19h, na galeria Mestre Jair Mendes, no Liceu de Artes Claudio Santoro, em Parintins.
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