A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, anunciou nesta segunda-feira (13) que não participará da Cúpula das Américas, que será realizada no início de dezembro na República Dominicana. A declaração foi feita durante sua coletiva de imprensa diária no Palácio Nacional, conhecida como Cidade Manhãem resposta a uma pergunta sobre o evento.
“Não, não vou participar”, afirmou de forma categórica, acrescentando que o governo avalia se algum representante da Secretaria de Relações Exteriores poderá comparecer em seu lugar: “É isso que estamos vendo, se haverá alguém da secretaria que possa ir”.
Sheinbaum manifestou seu desacordo com a decisão de excluir Cuba, Nicarágua e Venezuela da cúpula. “Pessoalmente, nunca concordamos que qualquer país seja excluído”, declarou, reiterando sua postura a favor da inclusão de todas as nações nos fóruns regionais.
A presidenta também destacou que a situação interna exige sua atenção, em referência às fortes chuvas que provocaram grandes inundações no centro do México, deixando até agora 64 mortos. “Diante das circunstâncias atuais, é preciso cuidar do país”, afirmou.
Alinhamento com os Estados Unidos
O anúncio de Sheinbaum ocorre depois que o governo da República Dominicana — fortemente alinhado à política externa de Washington — comunicou, no final de setembro, sua decisão de excluir Cuba, Venezuela e Nicarágua da 10ª Cúpula das Américas, que será realizada nos dias 4 e 5 de dezembro, em Punta Cana.
Segundo explicou o governo do ultradireitista Luis Abinader em comunicado oficial, a medida busca “evitar a polarização política” e “garantir a maior participação possível”, repetindo assim a exclusão implementada pelos Estados Unidos, sob a administração de Joe Biden, na cúpula de Los Angeles em 2022.
A administração dominicana, que exerce a presidência para o tempo do fórum, afirmou no documento que “a não convocação” dos três países “constitui a decisão que, dadas as circunstâncias hemisféricas, favorece a maior adesão”. Argumentou ainda que essas nações “decidiram não fazer parte da OEA” (Organização dos Estados Americanos) e que também não participaram da edição anterior.
A polêmica decisão chega depois de o governo de Abinader anunciar — ao assumir a presidência para o tempo em 2023 — sua intenção de organizar uma cúpula “inclusiva”. Além disso, rompe com uma tradição no país caribenho, já que tanto na 28ª Cúpula Ibero-Americana de 2023 quanto na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) de 2017, ambas realizadas na Republica Dominicana, Cuba, Nicarágua e Venezuela foram convidadas e participaram ativamente. No entanto, após a chegada de Donald Trump à Casa Branca, o país caribenho decidiu retirar os convites.
Nesse contexto, ao se tornar pública a exclusão dos três países por meio de um comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba manifestou sua “profunda preocupação e rejeição diante da decisão imposta pelo governo dos Estados Unidos à República Dominicana”, classificando-a como uma “evidente rendição diante das brutais pressões unilaterais do secretário de Estado norte-americano”.
O governo cubano advertiu que a exclusão “consolidaria a involução histórica neste sistema de cúpulas” e tornaria “impossível um intercâmbio respeitoso e produtivo” com o que chama de “a potência imperialista”, à qual acusa de reviver “a política das canhoneiras e a Doutrina Monroe”. Também alertou que, caso essa decisão persista, “prevalecerão a subordinação e o domínio ao vizinho voraz e expansionista”, em um “aberto desafio à proclamação da região como Zona de Paz”.