Pecnordeste: como foi organizar a maior feira indoor do agro brasileiro – Egídio Serpa

Leia em 5 minutos

Como se desenvolveu o esforço para planejar, organizar, vender, propagar e realizar o maior evento indoor da agropecuária do país – a Pecnordeste, que será realizada de quinta-feira, 5, a sábado, 7, no Centro de Eventos do Ceará?

Esta coluna pesquisou e apurou algumas informações reveladoras dos inúmeros desafios que foram vencidos ao longo dos últimos 365 dias, iniciados na data em que se encerrou a feira do ano passado.

Na reunião inaugural para tratar da Pecnordeste 2025, a primeira provocação veio de um parceiro tradicional da Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), o Sebrae, cujo diretor técnico, Alci Porto, propôs: ela terá de ser maior do que a de 2024.

“Maior em tudo: em número de expositores, de estandes, de público e em área”, disse ele.

O repto foi aceito com tanto entusiasmo e garra pelo presidente da Faec, Amílcar Silveira, que, em dezembro, 90% de todos os espaços disponíveis para a comercialização de estandes estavam contratados. De lá para cá, o cuidado restringiu-se à administração das pressões naturais – havia mais demanda do que vagas disponíveis.

O grupo coordenador da Pecnordeste 2025, que teve reuniões diárias nos últimos três meses, já celebrando o êxito comercial e midiático da feira, tratou de elaborar o mais complicado da empreitada: a agenda técnica, isto é, a grade de palestras e cursos abrangendo cada um dos setores do agro, que são os seguintes: agroindústria, apicultura/meliponicultora, aquicultura e pesca, avicultura caipira, avicultura industrial, bovinocultura de leite, cajucultura, caprinovinocultura, equinocultura, floricultura e paisagismo, fruticultura, pets, suinocultura e meio ambiente.

Todos os que ministrarão palestras e aulas técnico-científicas nos três dias da Pecnordeste são professores doutores ou mestres em suas especialidades. Por exemplo: um dos cursos da área de avicultura caipira será dado por César Giordano Gêmero, graduado em zootecnia pela Universidade Estadual de Londrina (PR), mestre e doutor em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente pela Universidade de Araraquara e proprietário da Escola de Avicultores de Londrina, sendo especialista na produção de ovos em sistemas caipiras e orgânicos, avicultura familiar e avicultura alternativa.

O que mais impressionou a organização da programação técnica e científica da Pecnordeste foi o alto interesse revelado pelos produtores rurais dos 14 segmentos do agro: cerca de 15 mil deles inscreveram-se dentro do prazo, pela internet. Eles ouvirão aulas, palestras e conferências das 8 horas ao meio-dia e das 14 às 18 horas, durante os três dias do evento.

Conclui-se que, para esses 15 mil produtores, obter conhecimento em sala de aula é mais importante do que visitar os mais de 1.400 estandes da feira.

No início da organização da Pecnordeste deste ano, foi decidido que haveria – como haverá – um inédito concurso leiteiro, com a participação de 100 vacas campeãs. Primeiro problema: como instalar no Centro de Eventos do Ceará, a céu aberto, um estábulo, que é fonte geradora de sujeira, principalmente fezes e urina de animais? E como fazer para abrigar os vaqueiros? Solução: proteger o chão da área externa do estacionamento de veículos com um tapete de serragem e areia e alugar contêineres refrigerados que servirão de dormitórios para essa capatazia.

E como alimentar, diariamente, cerca de 15 mil produtores rurais que virão do interior do Ceará e de outros estados do Nordeste para participar dos cursos técnicos e da própria feira? Solução: duas cozinhas industriais, que prestaram esse serviço nas duas últimas Pecnordeste, garantirão o almoço desse público.

E como elaborar a cerimônia de abertura que, desta vez, terá governador, ministro, personalidades do universo nacional da agropecuária brasileira, ou seja, uma vasta concentração de egos que precisarão de ser massageados na inauguração da Pecnordeste?

Como se trata de uma questão diretamente ligada à vaidade humana e umbilicalmente associada aos interesses próprios da política, ainda não estão definidos quais serão os oradores da solenidade. Sabe-se, apenas, que o primeiro deles será o presidente da Faec, Amílcar Silveira, e o último, o governador do estado, Elmano de Freitas, que, aliás, tem sido um parceiro importante dos agropecuaristas cearenses e de suas lideranças.

Veja também


Compartilhe esta notícia