Lideranças indígenas de Tefé protestam contra a atual coordenação do DSei Médio Solimões

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Cerca de 150 indígenas assinaram moção de repúdio em desfavor a atual gestão do DSei-Tefé

Lideranças indígenas moradores da região de Tefé (AM), no médio Solimões, distante 521 quilômetros de Manaus, têm realizado protestos ante a atual administração do DSei – Tefé, sob o comando atual da coordenadora Ercília Vieira, nomeada no mês de abril pelo Ministério da Saúde.

Segundo o cacique Márcio da Silva Santos, da Barreira das Missões, em Tefé, falta diálogo com a população indígena e a tomada de decisões sem consultar as bases. “Ela determinou a exoneração de pessoas que trabalhavam há anos e que possuem identidade com as pessoas que aqui residem. Vimos isso como retaliação”, afirma o cacique ressaltando que os “Conselhos Indígenas devem ser respeitados bem como suas lideranças”, afirmou.

É sabido que o Ministério da Saúde tomou a decisão inédita de colocar a direção dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas majoritariamente sob responsabilidade de indígenas. Entre os gestores, Ercília Tikuna, sem tornou a nova coordenadora dos Dsei Médio Rio Solimões que em tese, deveriam trilhar o caminho na luta pelos direitos e pela preservação dos costumes e cultura de seus povos.

O cacique, que atua na comunidade de Betel, na Barreira das Missões, gravou um vídeo onde destaca que “ninguém pode denegrir nossa luta e imagem do direito que construímos. Esse momento não era para estarmos passando. Lutamos para que o distrito tivesse uma coordenação indígena, mas não com atual desrespeito que nos trata a atual coordenação”.

O cacique Elias Gomes, da aldeia Barreira de Cima, afirma repudiar as tomadas de decisões da atual coordenadora se aliando a outros líderes com o mesmo propósito, o de protestar contra a atual gestão do DSei Tefé.

Lideranças de várias aldeias como o Polo do Bua Bua, Barreira, Morada Nova, Maraã Jubara, dentre outros, enviaram documentos com abaixo-assinado para a atual coordenação onde fica patente o desapontamento dos parentes indígenas com a gestão atual do Distrito Sanitário.

ERCÍLIA TIKUNA

Ercília nasceu em Tefé, no Amazonas, e é originária do povo Tikuna. Aos 38 anos, é técnica em enfermagem, assistente social e educadora popular. Ela saiu da sua aldeia – Tupã-Supé, no município de Uarini – pela primeira vez aos 14 anos de idade, para estudar em Alvarães, mas retornou após um ano e meio por falta de condições. “Foi um período marcado pelo choque de realidade, longe dos nossos costumes, vivendo uma nova cultura cheia de desafios”, relembra.

Foi nessa época, ainda aos 14 anos, que ela ocupou seu primeiro cargo em um movimento indígena, onde assumiu uma responsabilidade coletiva. Oportunidades como essa impulsionaram Ercília na luta pelas causas sociais.

Aos 17 anos, se mudou para Tefé, no intuito de retomar os estudos, mas conta que, nesse tempo, passou a viver sob violência doméstica, distanciada de suas conquistas e ideais, em um contexto que acabou por lhe despertar força para lutar pelas mulheres que viviam ou ainda vivem em situação semelhante.

Ercília Tikuna é mãe de três filhos, irmã mais velha de quatro irmãos e conquistou a posição de coordenadora do Dési Médio Rio Solimões e Afluentes (AM) com o apoio dos que hoje protestam contra sua gestão.

A reportagem tentou contato com a atual a coordenadora do Distrito Sanitário Especial Indígena Médio Rio Solimões nos telefones (92) 3343-5663 e celular numero  (92) 99472-95XX mas não retornou a chamada. O espaço está aberto para qualquer contraponto que a coordenação do Dsei Tefé venha a tomar.

VEJA VÍDEO GRAVADO PELOS CACIQUES DE VÁRIAS ALDEIAS

 

 

VÍDEO 2 

 

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