Economia no Brasil em 2025: Tendências e impactos no bolso do brasileiro – Ana Alves

Leia em 7 minutos

O primeiro trimestre de 2025 trouxe um cenário promissor para a economia brasileira, com indicadores que sugerem recuperação e crescimento consistente. No entanto, é importante destacar que variáveis positivas isoladas não garantem automaticamente uma situação equilibrada para todos os brasileiros.

Compreender como essas tendências econômicas afetam diretamente o cotidiano e o bolso do cidadão comum é fundamental para um planejamento financeiro mais consciente e eficaz.

Crescimento do PIB: uma boa notícia com ressalvas

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,9% no primeiro trimestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado foi especialmente impulsionado pela agropecuária, que registrou alta de 12,2%, beneficiada pela safra recorde de soja. O setor industrial também apresentou recuperação, com crescimento de 1,7%, destacando a retomada gradual da produção após anos difíceis.

Apesar da aparente robustez desses números, é essencial notar que o crescimento não ocorre de maneira uniforme em todas as regiões ou setores. Grandes centros urbanos e regiões mais desenvolvidas tendem a se beneficiar primeiro, enquanto áreas rurais e periféricas permanecem defasadas, enfrentando desafios estruturais como infraestrutura precária e acesso limitado a crédito e tecnologias.

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Redução do Desemprego: Emprego em alta, qualidade ainda em debate

Outro dado positivo é a redução da taxa de desemprego para 6,6% no primeiro trimestre, a menor taxa registrada para esse período desde 2012. O aumento das contratações ocorreu principalmente nos setores de serviços e comércio, impulsionado pela retomada pós-pandemia e pelo aumento da confiança do consumidor.

Por outro lado, é necessário olhar além das estatísticas brutas. Grande parte dessas novas vagas são informais ou com baixos salários, oferecendo pouca estabilidade e benefícios limitados aos trabalhadores. A informalidade ainda domina quase 40% do mercado de trabalho brasileiro, limitando o acesso a crédito e dificulta o planejamento financeiro das famílias, mantendo-as vulneráveis a crises econômicas ou emergências pessoais.

Inflação Controlada, mas acima da meta

Embora a inflação, medida pelo IPCA, esteja controlada, o índice acumulado nos últimos 12 meses até abril foi de 5,53%, ainda acima do limite superior da meta estabelecida pelo Banco Central (que é de 4,5%). Essa inflação moderada tem impacto direto na vida cotidiana, sobretudo nos preços dos alimentos, combustíveis e energia elétrica, essenciais para o orçamento familiar.

A inflação afeta particularmente as famílias de menor renda, que gastam maior proporção do seu orçamento com alimentação e transporte. Apesar de controlada, essa inflação “moderada” continua exercendo pressão significativa sobre o poder de compra, forçando os consumidores a ajustes constantes em seu estilo de vida.

Juros Altos: Um remédio amargo com efeitos colaterais

Para manter a inflação sob controle, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic a 14,75% ao ano, patamar mais alto em quase duas décadas. Esta decisão impacta diretamente o dia a dia da população, especialmente em empréstimos, financiamentos e consumo parcelado.

Com juros tão altos, o crédito fica mais caro e menos acessível. Consumidores que dependem do financiamento para adquirir bens como imóveis e automóveis enfrentam dificuldades adicionais. Pequenas empresas, que geralmente dependem de capital externo para operar, também têm seu crescimento limitado, afetando diretamente a geração de novos empregos formais e de qualidade.

O impacto no cotidiano e no bolso do brasileiro

Diante dessas tendências econômicas, fica evidente que o crescimento da economia brasileira não gera automaticamente uma melhora uniforme e imediata na vida financeira das pessoas. A população sente os impactos desses indicadores econômicos de maneira bastante direta:

Redução do poder de compra: Mesmo com inflação controlada, preços básicos continuam subindo, reduzindo o poder de compra, especialmente de alimentos, combustíveis e energia.

  • Crédito mais caro: A alta da taxa Selic torna empréstimos e financiamentos mais difíceis e caros, exigindo planejamento financeiro mais rigoroso.
  • Instabilidade laboral: apesar da queda na taxa de desemprego, a informalidade e a baixa qualidade dos empregos novos impedem que muitas famílias tenham segurança financeira.

Recomendações para proteger o seu bolso

Diante desse cenário complexo, algumas práticas podem ajudar a amenizar os impactos negativos:

  1. Controle rigoroso do orçamento doméstico: é fundamental listar despesas e receitas, monitorando cada gasto mensalmente.
  2. Negociação consciente de dívidas: com juros altos, evitar o endividamento ou renegociar dívidas para juros mais baixos deve ser prioridade.
  3. Buscar alternativas para aumentar a renda: considerar fontes alternativas de receita, como serviços adicionais, pequenos negócios ou trabalhos freelancers, pode ser uma forma de complementar o orçamento.
  4. Cautela nas compras parceladas: evitar longos parcelamentos e priorizar compras à vista ajuda a não comprometer o orçamento mensal.
  5. Reservas financeiras: mesmo que pequenas, devem ser iniciadas imediatamente para proteger contra emergências ou imprevistos financeiros.

Desafios para o futuro

Para alcançar um equilíbrio econômico duradouro, o Brasil precisa ir além da simples análise dos indicadores econômicos. É necessário implementar políticas públicas eficazes, que busquem reduzir desigualdades regionais, melhorar a infraestrutura, investir em educação e aumentar a formalização do trabalho.

Além disso, programas que incentivem pequenas e médias empresas e facilitem o acesso ao crédito podem ampliar o efeito positivo dos bons números econômicos, criando condições para um crescimento mais justo e equilibrado.

O cenário de crescimento econômico em 2025 é promissor, mas o brasileiro precisa manter a atenção e o cuidado com seu orçamento pessoal. Informar-se e planejar-se continuamente é fundamental para garantir um futuro financeiro mais estável, mesmo em um ambiente econômico desafiador.

Pensem nisso e até a próxima!

@anima.consult

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Economista, Consultora, Professora e Palestrante

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