Eduardo Bazzana, de 68 anos, foi preso no último dia 13 de maio, suspeito de fornecer armas e munições para a facção criminosa Comando Vermelho. Até a última semana, Bazzana comandava uma empresa familiar e presidia um clube de tiro frequentado por médicos, advogados e políticos em Americana (SP).
Colecionador, Atirador e Caçador (CAC), com certificado válido do Exército, Bazzana utilizava sua estrutura para abastecer criminosos, segundo a polícia.
A operação, comandada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e pelo Ministério Público do Rio, cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao empresário. Também foram realizadas buscas em outro imóvel no condomínio onde Eduardo residia, além da loja e da sede do clube de tiro. Bazzana está preso na Cadeia Pública de Sumaré.
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A defesa do empresário afirma que ele é inocente e que irá entrar com pedido de habeas corpus.
“Havia um intermediário do Rio de Janeiro, credenciado (com CR e registro de atirador), que comprava armas e munições legalmente, com autorização do Exército. Isso ocorreu duas ou três vezes, no máximo”, disse o defensor.
Investigação aponta participação direta de Bazzana no esquema
Bazzana é proprietário da PHVB Armas e do Clube Americanense de Tiros, ambos devidamente registrados no Exército Brasileiro.
De acordo com as investigações, Bazzana atuava como fornecedor de armas e munições para um braço do Comando Vermelho de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, atuando na logística do tráfico de drogas e de armas também nas comunidades da Muzema, Cidade de Deus, Complexo do Alemão e Penha.
Segundo a polícia, o empresário recebeu R$ 1,6 milhão da venda de carregadores e munições a um chefe do Comando Vermelho e a pessoas ligadas à facção, em um período de 40 dias. Entre os itens vendidos, estavam pentes de AR-10 e AR-15, além de munições de AK-47 e calibre 7.62.
Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs), produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mostram que Bazzana enviou R$ 49 mil, em três transações, para a conta de um investigado que atua na lavagem de dinheiro do tráfico. Ele também recebeu R$ 94 mil de um foragido do Estado do Rio de Janeiro, acusado de homicídio.
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou Bazzana por associação para o tráfico e por comércio ilegal de armas de fogo.
Detalhes da operação
A ação faz parte da “Operação Contenção”, que combate o fornecimento de armas e drogas para a facção. Ao todo, dez suspeitos foram presos: quatro em São Paulo, quatro no Rio de Janeiro, um em Mato Grosso e um em Rondônia. O objetivo era cumprir 22 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão.
A investigação começou em 2023 e revelou que o armamento seria utilizado para fortalecer e expandir territorialmente a facção, especialmente na Zona Oeste do Rio, além de outros estados.
Entre os alvos, havia um mandado sendo cumprido no condomínio de luxo Novo Leblon, na Barra da Tijuca.
Os suspeitos vão responder por associação ao tráfico de drogas com emprego de arma de fogo e atuação interestadual, falsidade ideológica, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e comércio ilegal de armas.
As investigações indicam que o grupo criminoso chegou a movimentar R$ 5 milhões em menos de um mês, por meio de um esquema que operava em diversas comunidades do Rio de Janeiro e em outros estados.
Lista de presos
Mandados de prisão:
• Jonnathan Schimidt Yanowich (CAC investigado por lavagem de dinheiro)
• Sidney Emerson da Silva, o Paulista da 50 (traficante de armas)
• Eduardo Bazzana (loja de armas)
• Adriano César de Camargo (lavagem de dinheiro do tráfico de armas e drogas)
• César Sinigalha Alvares (armeiro do Comando Vermelho)
• João Vinicius Tavares Corrêa, o Vini (fiel do Da Roça), preso em Porto Velho
• Brunno Nogueira Alcaíde (trabalha para Jonnathan no esquema de lavagem)
Prisões em flagrante:
• Alexandre da Silva, preso na boca de fumo perto da casa do armeiro em Maricá
• Rondinei Aparecido de Assis e Silva, preso em flagrante com uma pistola durante busca e apreensão em sua casa, em Pontes e Lacerda (MT)
• Pedro Gustavo da Silva, preso em flagrante no Rio de Janeiro