Investir é um dos meios mais populares que as pessoas utilizam para conquistar um ganho extra na renda mensal. Apesar disso, muitos prolongam o início dessa decisão por não saberem por onde começar.
Para quem nunca esteve em contato com essa ação, medos, as dúvidas e inseguranças podem surgir ao cogitar iniciar um investimento. Como consequência, surge um bloqueio, que impede os iniciantes de mergulharem nessa prática financeira.
Pensando nisso, o Diário do Nordeste ouviu a economista, mestre em sustentabilidade e colunista Ana Alves, para entender a maneira mais segura de adentrar nesse universo dos investimentos. Confira, a seguir, os principais pontos a se ter em mente antes de dar início a esse hábito.
Fundamentos essenciais antes do primeiro investimento
Na prática, a tática de investir significa que o investidor estará aplicando dinheiro em algo capaz de gerar retorno no futuro, podendo ser útil como uma renda para a aposentadoria, para os estudos e para a casa própria, ou como uma reserva de emergência.
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O investimento é capaz de trazer um retorno financeiro no futuro do investidor.
People Images/Shutterstock.
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A economista Ana Alves explica que, agora, há maior acessibilidade para quem deseja iniciar essa prática. Por exemplo, o investimento no programa do governo federal, o Tesouro Direto, é 100% digital e com entradas baixas.
“Hoje, conseguimos investir com poucos recursos, mas já iniciando o hábito de investidor, o que é essencial para uma organização financeira”, esclarece. A previsibilidade também está ao lado de quem decide por investir, ou seja, é possível saber quanto uma aplicação renderá e quanto poderá se ter no futuro.
Além disso, os títulos estão atrelados à inflação, garantindo a manutenção da quantia investida.
É preciso, porém, estar atento aos impostos, às taxas e aos riscos de mercado.Ana reforça que é fundamental conhecer os impostos e taxas que incidem sobre cada tipo de investimento.
Por exemplo, a maioria dos títulos tem cobrança de Imposto de Renda com alíquota regressiva, exceto a poupança, e o Tesouro Direto ainda possui uma taxa de custódia cobrada pela B3.
Como começar a investir
Para quem nunca investiu, a melhor opção é elaborar um passo a passo detalhado. Segundo a especialista, a estraté trará “segurança em começar a investir de forma simples, mas efetiva”. A princípio, ela sugere quatro pontos para começar no mundo do investimento.
ORGANIZAR O BÁSICO
Elaborar um pequeno orçamento é o passo inicial para qualquer decisão financeira. Junto, a profissional reforça que é necessário definir uma renda de emergência, que cubra de 3 a 12 meses dos gastos essenciais, conforme a estabilidade de trabalho.
“Comece a formar essa reserva em produtos de alta liquidez e baixo risco, oferecidos pelos bancos, e que devem ser analisados com cautela antes de decidir o perfil de investimento”, recomenda.
CRIAR UMA CONTA
O próximo passo é se cadastrar em um banco autorizado ou em uma corretora financeira e preencher o chamado questionário suitability, que analisa o perfil financeiro do investidor. Ele leva em consideração os objetivos e motivos para o investimento, a tolerância ao risco e a renda de cada pessoa.
COMEÇAR PEQUENO
No início, é recomendado ir progredindo aos poucos. Ana sugere que os aportes financeiros, ou seja, os investimentos, sejam agendados mensalmente. A injeção automática de dinheiro pode ir acostumando os novos investidores ao hábito.
PACIÊNCIA
É importante considerar um produto por vez, como o Tesouro Direto ou os fundos de investimento, e estudá-los antes de iniciar qualquer aporte financeiro.
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É fundamental definir uma renda de emergência antes de iniciar investimentos.
Mojo CP/Shutterstock.
Opções de investimentos para iniciantes
Após organizar os passos iniciais, chega o momento de escolher o melhor lugar para começar o investimento. A economista trouxe alguns produtos que são seguros e podem ser iniciados com poucos recursos. Confira a seguir!
Tesouro Direto
Além de ser um dos portões de entrada ao mundo dos investimentos e ter uma liquidez diária, Ana classifica esse programa público como um dos “mais seguros para quem está começando“.
Através da modalidade “Tesouro Selic”, recomendada para quem busca alta liquidez, é possível investir com um valor mínimo em torno de R$ 30.
Fundos de investimento
A especialista explica que existem fundos de investimento, assim como as das chamadas “caixinhas digitais”, que aceitam baixos aportes. Os valores, segundo ela, ficam em torno dos R$20 a R$50.
“A vantagem é que o dinheiro de várias pessoas se junta e é aplicado por um gestor em diversos ativos, o que ajuda quem tem pouco a diversificar”, explica. Entretanto, é preciso estar atento para as taxas de administração, de performance, o tempo que leva para resgatar o valor e a aplicabilidade de baixos aportes.
Ações
Hoje, é possível investir em pequenas partes de ações, conhecidas como frações, em corretoras modernas. Também há os chamados ETFs, ou fundos de índice, que reúnem várias ações em um único investimento, permitindo diversificar com um valor menor.
“Para começar com R$ 20, o ideal é um ETF ou ação de baixo valor por unidade”, além de uma “corretora que aceite valores baixos”, pondera a especialista.
Porém, atenção, pois as ações oscilam bastante, ou seja, aportes baixos demandam “paciência e visão a longo prazo” de quem investe.
Rendas fixas
O Certificado de Depósito Bancário (CDB), a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) são exemplos de rendas fixas seguras para quem está começando no mundo dos investimentos.
Essas rendas contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), com até R$ 250 mil por CPF por instituição. A profissional recomenda que haja uma diversificação entre os bancos para que essa proteção seja ampliada.
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Golpes e erros de investimento podem prejudicar essa prática financeira.
Wasan Tita/Shutterstock.
Como driblar os riscos
Como qualquer atitude financeira, é preciso desenvolver certas cautelas e estar atento para não cometer erros. A seguir, veja algumas dicas para não se prejudicar ao investir:
- Quite as dívidas existentes;
- Elabore seu suitability;
- Tenha, antes de tudo, uma reserva de emergência;
- Compreenda os custos e os impostos de cada produto;
- Use produtos adequados ao objetivo pessoal;
- Faça metas de curto prazo para produtos conservadores;
- Não concentre tudo em uma única instituição;
Assim como em outros eixos financeiros, os golpes também são um perigo dentro dos investimentos. Para evitá-los, a economista traz três recomendações principais:
- Desconfiar de “retorno garantido” alto e rápido;
- Verificar se a oferta e a empresa estão registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
- Usar ferramentas oficiais para checar sinais de fraude, como o ContraGolpe (CVM);
Seja prudente e consciente. Não se iluda com retornos gigantescos sem riscos associados
Quem pode investir?
Não há perfil específico para dar início a essa prática. “Começando pequeno e evoluindo com conhecimento”, como enfatiza a economista, qualquer pessoa pode criar o hábito de investir.
Apesar de não ser obrigatório, é possível buscar auxílio de um assessor ou consultor de valores mobiliários registrado no CVM para ter uma orientação personalizada ao dar início aos investimentos. Ana reforça, ainda, para não se deixar levar por vídeos da internet que trazem altas promessas financeiras.
Outra boa dica é procurar investir com objetivos claros, por exemplo, buscando gerar uma renda extra para dar entrada no sonho da casa própria, para um intercâmbio ou para a aposentadoria.
Investir com propósito claro muda completamente sua relação com o dinheiro. Você deixa de “guardar por guardar” e passa a ter um plano, o que ajuda a escolher os produtos certos e manter a disciplina
Ela reforça também que investir é um hábito de vida. Consequentemente, traz um impacto emocional, sendo capaz de reduzir o estresse financeiro e aumentar a segurança.
Por ser capaz de permanecer na vida do investidor por longos anos, a recomendação é manter a prática e adaptá-la aos objetivos específicos de cada momento.
“Criar o hábito de investir é essencial para seu futuro organizado financeiramente”, conclui. “Portanto, pegue R$ 20 mensais e aplique em um caixinha digital, por exemplo. Assim, começará a ter o hábito de investidor”.
*Estagiária sob supervisão do jornalista Hugo Nascimento.