O presidente argentino, Javier Milei, afirmou nesta terça-feira (2) que uma “rede de espionagem ilegal” formada por jornalistas está por trás da divulgação de áudios que comprometem sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência, em um suposto esquema de corrupção.
Esses áudios causaram um escândalo no governo argentino, abalando a imagem da administração Milei às vésperas das eleições regionais que acontecem no domingo (7).
“A cada momento, a rede ilegal de espionagem da qual um grupo de jornalistas faz parte fica mais clara. Esses espiões que se disfarçam de ‘jornalistas’ querem desviar a atenção da questão real”, escreveu o líder argentino em publicação no X.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, também se manifestou e classificou a série de vazamentos como uma “operação planejada e combinada em todas as etapas: gravação, tempo de espera e execução em época eleitoral”.
A reação de Milei vem após uma denúncia apresentada à Justiça na segunda-feira (1º) sobre uma suposta “operação de inteligência ilegal” contra o governo.
Ficou decidido então que veículos de comunicação estão proibidos de divulgar as gravações feitas dentro da Casa Rosada. A ordem foi dada pelo juiz federal Alejandro Maraniello.
“O direito à liberdade de expressão deve ceder às graves repercussões que a divulgação dos áudios de Karina poderia acarretar. (…) Tal situação configura danos difíceis ou impossíveis de reparar posteriormente”, afirmou o magistrado.
Na nova gravação divulgada pelo canal de streaming uruguaio Dopamina, Karina Milei menciona o presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem:
“Martín é quem tem a informação. É preciso estar abaixo de Martín. Eu respeito Martín como líder”, diz a irmã do presidente argentino.
Martín Menem, atual presidente da Câmara dos Deputados, também classificou a gravação como “ilegal”, afirmando que o novo áudio “se fosse real” teria sido “gravado ilegalmente” no Congresso argentino. Ele acrescentou que os vazamentos são uma “tentativa deliberada de desestabilizar o processo eleitoral”.
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Áudios causaram um escândalo no governo argentino, abalando a imagem da administração Milei às vésperas das eleições regionais que acontecem no domingo (7)
Juan Mabromata / AFP
Menem disse ainda que Karina, secretária da Presidência, participa de reuniões do partido Libertad Avanza, de Milei. Embora não cite diretamente supostos crimes de corrupção, os áudios fazem referência a disputas internas no partido governista.
Desvios na área de saúde
Os vazamentos começaram em 19 de agosto, quando os primeiros áudios foram divulgados pelo streaming Carnaval.
No material, o então diretor da Agência Nacional de Deficiência da Argentina (Andis), Diego Spagnuolo, afirma que Karina Milei recebia 3% das compras de medicamentos.
A propina seria paga pela Drogaria Suizo Argentina, responsável pela distribuição dos medicamentos e que mantém ligação com Martín Menem.
Spagnuolo, que também era advogado pessoal de Milei, afirma ainda que alertou o presidente sobre o caso. Ele foi demitido da agência.
“Vamos levar à Justiça e provar que ele mentiu”, declarou Milei durante um ato de campanha na semana passada. Karina não se manifestou publicamente.
Já o ex-diretor da Andis e sócios da distribuidora de medicamentos tiveram celulares apreendidos. O esquema envolveria ainda Eduardo Lule Menem, assessor mais próximo da irmã de Milei.