Ascensão e queda do Fortaleza – Tom Barros

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Um dos mais brilhantes times que vi em ação foi a seleção da Espanha, campeã do mundo em 2010 na Copa da África do Sul. A do modelo tic-tac, de passes curtos e precisos, que também foi utilizado pelo Barcelona. Aquele time encantou o mundo. Um dia tudo terminou. 

Outro time fantástico foi o da Holanda na Copa de 1974 na Alemanha. O famoso Carrossel Holandês. O futebol total. A Laranja Mecânica. Igualmente encantou o mundo, embora não tenha conquistado o título. Também terminou. Faz parte da vida. É a transitoriedade. 

O Fortaleza, guardadas as devidas proporções, seguiu trajetória semelhante. Ascensão e queda. Chegou a praticar um modelo entre os mais bonitos e eficientes do país. Nas mãos de Juan Pablo Vojvoda, alcançou seu êxito maior. Superou a até trabalho de Rogério Ceni. Mas também terminou. 

Agora é abandonar o sucesso alcançado. É olhar para frente. Missão: buscar um novo modelo. Renovar. Arejar. Seguir em frente com a expertise adquirida. “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. 

Mesmo grupo 

É possível pensar em retomada com o mesmo grupo? Sim, mas é difícil. O desgaste tem sido grande. Há falta de confiança no semblante de todos. Vojvoda é a imagem da desolação, abatimento, falta de fé. Pode até conseguir a retomada com o mesmo grupo, como fez em outras ocasiões, mas o cenário agora é muito desfavorável. 

Cadê 

Somente o goleiro João Ricardo continuou e continua jogando bem. Mas uma andorinha só não faz verão. Cadê o futebol de Pikachu? Cadê o futebol de Lucero? Cadê o futebol de Pochettino? Cadê o futebol de Marinho? Não falo de lampejos. Falo de intensidade, de velocidade, de vontade. Sumiram todos. 

Lembranças 

O Fortaleza do auge de Vojvoda jamais será esquecido. Eficiente, campeão. Ganhava quando entendia que chegara a hora de ganhar. Desfilou qualidade, competência, em jogos e conquistas memoráveis. É para ser guardado com carinho, respeito e gratidão. Lamentavelmente, terminou. 

Confiança 

A torcida tricolor não pode perder a esperança. Dias melhores virão. Marcelo Paz não vai cruzar os braços. Ele conhece o caminho das pedras. De repente, virá uma jogada de mestre. Sim, como foi a jogada de mestre na contratação de Vojvoda, quando todos choravam a saída de Rogério Ceni. 

Parte 

Certamente não será possível uma retomada com o mesmo grupo, mas será possível, sim, com parte desse grupo que ainda tenha compromisso, vontade, solidariedade e profissionalismo para dar. Quem não se engajar, tenha a dignidade de pedir para sair. Será uma questão de pudor mesmo.  

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