Tentei comprar o Romcy, mas não deu certo, relembra dono do RioMar – Victor Ximenes

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O empresário João Carlos Paes Mendonça, que liderou por décadas a rede de supermercados BomPreço e hoje comanda a JCPM – do segmento de shopping centers como o RioMar -, relembra que fez diversas investidas para adquirir o Romcy, emblemática empresa cearense do varejo no século passado.

Em conversa com jornalistas em evento para a celebração dos 90 anos do Grupo JCPM, o executivo recordou, com nostalgia, sobre seu forte interesse em adentrar no mercado de Fortaleza – o que acabou acontecendo mais tarde.

Na visão dele, à época (anos 1970), o Romcy era um grupo admirável e representaria uma grande oportunidade de negócio, mas a paquera nunca se converteu em namoro.

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João Carlos Paes Mendonça, controlador do Grupo JCPM

Foto:
Divulgação

“Os Romcy são muito trabalhadores e ousados. Sempre tive uma relação excepcional com eles. Mas nunca deu certo [adquirir o negócio]. Eles acabaram vendendo para o Pão de Açúcar e não deu em nada. Se tivessem vendido pra mim, estaria tudo crescendo até hoje”, disse, em tom de brincadeira.

Assim como o BomPreço, o Romcy também era considerado um grupo empresarial vanguardista no varejo. Por exemplo, foi a primeira loja do Nordeste a contar com computadores, em parceria com a IBM, ainda nos anos 1970.

Chegou a contar com 12 supermercados e hipermercados, empregando milhares de funcionários.

Fim amargo do Romcy

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Unidade do Romcy desativada

Foto:
Arquivo/Diário do Nordeste

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Edição de 11/12/1990 do Diário do Nordeste noticiou a concordata do Romcy

Foto:
Fac-símile/Diário do Nordeste

No fim dos anos 1980 e início da década de 1990, o Grupo Romcy enfrentou severas dificuldades financeiras, com dívidas que ultrapassavam 1 bilhão de cruzeiros, agravadas pelo Plano Collor, que resultou no congelamento de ativos e instabilidade econômica.

Em 1990, a empresa entrou com pedido de concordata e, apesar de tentativas de reestruturação, teve sua falência decretada em 1993. Na época, contava com 1.702 funcionários e gerava cerca de 3.000 empregos indiretos. O patrimônio imobiliário foi utilizado para saldar dívidas com bancos, funcionários e fornecedores.

Apesar do desfecho amargo, a varejista marcou época na economia do Ceará.

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Edição do Diário do Nordeste de 22/7/1994

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Fac-símile

BomPreço foi vendido para grupo holandês

Já o BomPreço, fundado pelos Paes Mendonça, foi vendido em 2000 ao grupo holandês Royal Ahold.

Três anos depois, a operação foi repassada ao grupo norte-americano Walmart, que passou a unificar e integrar as marcas adquiridas. A bandeira BomPreço resistiu por algum tempo, mas acabou sendo progressivamente substituída por outras marcas do grupo. O nome deixou de ser usado comercialmente em 2018, encerrando um ciclo de mais de 80 anos de presença no varejo brasileiro.

Já o Walmart não obteve sucesso no Brasil. Um dos motivos foi não entender sobre o comportamento peculiar do consumidor local, algo que Paes Mendonça domina com maestria.

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